Senhor engenheiro
No passado fim-de-semana fui a uma igreja perto da minha zona de residência e qual não foi o meu espanto quando entrei e dei de caras com esta imagem:
Pensei, estas pessoas não vieram aqui para estar mais perto do Senhor como eu, estas pessoas parecem engenheiros civis. Será que não têm respeito pela casa do Senhor e por Ele mesmo? Se isto começa com capacetes daqui a uns tempos os miúdos do bairro vêm para aqui de boné. Ou de CAP como alguns lhe chamam. Certificado de Aptidão Profissional. HST nível V. Isto deve ser um congresso de engenheiros, sem dúvida. Vou perguntar ao responsável…
– Desculpe, onde está o responsável do evento?
– Qual evento?
– Este que se está a realizar… Não veio?
– Sim, está cá sempre. Todos os sábados, domingos e dias santos.
– Então e onde está esse engenheiro responsável?
– Engenheiro? Não sei se é engenheiro, mas está ali de capacete branco.
Procurei e procurei, e, tal como eu tinha pensado, não o consegui distinguir. A igreja eram só engenheiros, estava tudo de capacete branco na cabeça e não consegui encontrar o ou os responsáveis. O que já é normal, se não existem uns quantos trolhas e ajudantes ninguém faz nada, nem ninguém sabe de nada. Resumindo, hoje vou á igreja mas antes de me sentar para falar com o Senhor vou-me certificar que lá não há nenhum senhor engenheiro mas sim uma data de trolhas.
Amém.
Avante
– ÇÇÇP? Porque é que pões cedilha?
– É para dar um ar mais comunista pah!
– E isso dá estilo?
– Prontos pah! É… para dar um ar mais jazzy… é isso pah!
– Olha que eu não me lembro dos gajos do jazz andarem com foices…
– …
– E já agora, porque é que queres dar um ar mais comunista a CCCP?
– Queres dizer ÇÇÇP?
– Sim! Não! É a mesma coisa! Porquê?
– Porque é para ser mais para o povo pah!
– Mas afinal o que queres dizer com CCCP?
– …
– OK! ÇÇÇP! O que queres dizer?
– Ora pah, é Çentro Çomercial do Çampo Pequeno…
– …
– Pah!
Bicha solitária *
Afinal o que é uma bicha solitária?
Definição: bicha solitária; um indivíduo homossexual que se encontra sozinho num campo verdejante cheio de flores. *
* Informação errónea
– Minha senhora, tenho que a informar que deu à luz uma bonita bicha solitária!
– Uma ténia?
– MAS!? …
– Sr. Doutor, a sala de trabalho de parto é ao lado…
– … então aqui… ?
– É a sala 3, operações ao estômago e a unhas encravadas.
Afinal o que é uma bicha solitária?
Definição: bicha solitária; uma fila de uma única pessoa numa repartição de Finanças à espera de uma carimbadela. *
* Informação errónea
Bicha, pressupõe pelo menos duas pessoas. E geralmente até são mais que duas, e se for numa repartição das Finanças às vezes até são mais que três! No entanto, solitária indica apenas uma pessoa. Ou várias pessoas, em que uma não fala com as outras e se sente sozinha no Mundo e só lhe apetece cortar os pulsos.
Já assim se vê que bicha solitária é no fundo um contra-senso. E também no seu início. É que se vamos para uma bicha solitária e não somos logo atendidos, então a bicha deixa de ser solitária. Se formos logo atentidos então deixa de existir bicha!
Ficamos sozinhos no Mundo e só nos apetece cortar os pulsos…
Mas!?
Se não é nenhum dos dois… afinal o que é uma bicha solitária? Bem, quando eu souber, aviso-vos. Se tiverem informações, agradeço também a vossa partilha.
* Informação errónea
Esquece!
– Lembras-te de uma banda do início dos anos ’90?
– Os «Strabic Reporter»?
– Não, uma banda de Seattle?
– Não estou a ver.
– Tinham cabelo comprido e tocavam rock.
– Não te lembras do nome?
– Era um nome de algo a ver com a meditação
-Aquelas bandas das compilações do género: Pan Pipe Moods!?
– Nada disso. Tinham um álbum com um bebé na capa.
– Os «Árvores Gritantes»?
– Não, não eram esses.
– Então os «Alice Agrilhoada»?
– Não… não.
– … Os «Mel da Lama»?
– Nmm… não!
– (…; ???; …)
– …
– Então quem eram?
– Epah… Esquece!
Artista Nirvana
Álbum Nevermind
Ano ’91
1 Smells Like Teen Spirit 5:02
2 In Bloom 4:15
3 Come as You Are 3:39
4 Breed 3:04
5 Lithium 4:17
6 Polly 2:56
7 Territorial Pissings 2:23
8 Drain You 3:44
9 Lounge Act 2:37
10 Stay Away 3:33
11 On a Plain 3:17
12 Something in the Way 3:51
Nem nada
– Achas que ele vai conseguir voar?
– Deve ser muito difícil.
– Porquê?
– Porque ele não tem penas nem nada.
– Não precisas de penas para voar.
– Ai não?
– Não. Vê o caso dos aviões. Não precisam de penas para voar.
– Mas têm aerodinâmica.
– Isso não explica tudo. Se ele tiver aerodinâmica consegue voar?
– Pode conseguir.
– Mas também pode morrer ou ferir-se de forma mortal.
– Sim. Tem que experimentar.
– Mas porque é que ele havia de experimentar morrer?
– Ele não vai tentar matar-se, ele vai é tentar voar e pode não conseguir.
– Porque é que ele não tenta fazer outras coisas em que hajam menos hipóteses de magoar seriamente?
– Como assim?
– Em vez de voar, porque não tenta correr muito depressa?
– Primeiro porque ele não tem pernas nem nada.
– E segundo?
– Porque é menos espectacular.
– Só porque não pode morrer?
– Hmmmm… também… Apenas pode fazer algumas feridas no joelho se cair.
– Então e se for na àgua? Tentar ir o mais fundo possível?
– Quando dizes ao fundo… é tipo 3 metros? O fundo da piscina?
– Não, mesmo no mar. Mergulhar e nadar metros e metros.
– …
– Sim! Ir o mais fundo possível!
– Mas isso, eu já te disse que ele não consegue.
– Disseste? Porquê?
– Então, porque ele não tem penas, nem pernas nem nada.
– E com os braços?
– Não estás a perceber: ele nem nada nem nada.
– Ahhhh! Já podias ter dito.
– …
– E se…
– …
– E se ele usar uma máscara de oxigénio?
– Para?
– É que assim é espectacular…
– (???)
– Assim ele pode ir ao fundo e nem morre, nem nada!
Cinéfolos
– Queres ir ao cinema?
– Não, não me está a apetecer.
– Vamos ver o filme do Martin Scorsese.
– Não, hoje não me apetece.
– OK. Acho que vou na mesma.
– Tudo bem.
– Já tinha falado com uma colega minha e vou na mesma.
– Uma colega?
– Sim.
– …
– Até logo então.
– Espera!
– Diz.
– … essa tua colega…
– Sim.
– …
– Olha, vou só ao cinema com ela, volto logo, não há problema.
– …
– Diz…
– Mas ela é… feia… horrível…?
– Não, por acaso até é bastante bonita.
– …
– …
– Mas… é assim desajeitada…
– (?)
– … meio gorda… meio disforme?
– Não, por acaso até tem um corpo bastante atlético.
– …
– Era ginasta quando era nova.
– Estou a ver.
– Algum problema?
– Não, nenhum.
– …
– Mas ela deve ser um pouco chata, não?
– Nada disso. Ela é espectacular. Inteligente e um grande sentido de humor.
– …
– Porque não vais também?
– …
– …
– É o filme do Martin Scorsese, certo?
– Sim…
– E é com o Robert De Niro?
– Não, por acaso não.
– Ainda bem, não gosto dele.
– Então em que ficamos?
– Telefona então à tua colega a dizer para ela não ir.
– Não ir?
– Sim, combinas com ela noutro dia. Hoje vamos só os dois.
– Tens a certeza?
– Sim, está-me mesmo a apetecer ir ao cinema!
Violador da tanga
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– Quiseste-os imitar não foi?
– A quem?
– Tu sabes…
– … não…
– Ao gajo de Telheiras e ao de Benfica.
– Não vês as notícias? Pareces um gajo inteligente.
– E sou.
– …
– Portanto, estás todo inchado com o que fizeste.
– Por acaso, estou bastante orgulhoso.
– Então confessas tudo?
– Tudo?
– Sim. Os ataques em becos escuros!
– … a mulheres sós…
– … e desprotegidas…
– Sim! Sabemos que andaste a violar!
– Violar!? Que estão a falar?
– Agora não te faças de estúpido…
– Sabemos que andaste na universidade.
– E temos aqui a prova!
– Mas… mas… qual prova?
– Mostra-lhe.
– Vê, temos aqui a tua viola.
– Mas isso não é uma viola, é uma guitarra portuguesa.
– Qual é a diferença?
– Estás a dizer que não a violaste?
– Não, não violei ninguém.
– Alguém te viu com uma viola à janela da menina!
– Não é uma viola.
– Estás a dizer que não a violaste?
– Claro que não. Ainda mal a conheço.
– Então se a conhecesses há muito já a violavas?
– É isso que estás a dizer?
– Não! Parem com isso!
– Conta-nos!
– A guitarra portuguesa tem 12 cordas.
– Interessante, e quanto à rapariga, ó espertinho?
– Só a conheci há duas semanas na oral de Psicologia.
– E não chamas a isso violar?
– Ou só pensaste em violá-la?
– Pensas que foi consentido, não foi tarado?
– É o que pensam todos!
– Podem parar com isso e deixar-me contar!?
– …
– …
– Peço desculpa.
– Ás vezes ficamos empolgados com isto…
– E não conseguimos parar.
– …
– …
– … conta lá, por favor.
– Como estava a dizer, conheci-a há duas semanas.
– Sim…
– Fiquei logo apaixonado…
– O amor é tão bonito.
– E saí com ela uma vez a semana passada…
– … já tens álibi para a última 5ª feira?
– Ontem resolvi fazer-lhe uma serenata.
– Daí a viola…
– A guitarra portuguesa.
– Estás a dizer que se pudesses não a violavas?
– Não. Nunca! Eu não sou desses!
– É o que todos dizem!
– Afinal onde estavas na 4ª feira?
– Não era na 5ª?
– Afinal sabes o que fizeste na 5ª?
– Mas o que aconteceu na 4ª e na 5ª?
– É isso que queremos que tu nos contes!
– Mas eu não fiz nada nem na 4ª, nem na 5ª!
– E na 3ª? Sabemos que algo aconteceu!
– Pronto! Eu confesso…
– Vá, conta tudo aqui ao pai.
– Na 3ª à noite sabia que ela ia ter aulas de dança.
– E violaste-a?
– Não!
– Conta já tudo, meu sacana!
– Eu roubei-lhe a tanga vermelha que estava ao sol na corda da roupa…
– Ao sol à noite?
– Pronto, esteve ao sol e depois estava seca à noite.
– E depois? Cheiraste-a? Foi?
– Conta tudo, vá…
– Cheirei? Mas vocês pensam que sou tarado ou quê?
– …
– Por acaso queriamos só ter a certeza que não eras.
– Peço desculpa.
– Ás vezes ficamos empolgados com isto…
– E não conseguimos parar.
– Podes continuar a sair com a minha filha.
– (???) … obrigado.
– Ficaste a ver os jogos na 4ª e na 5ª não foi?
– Queres vir beber um copo connosco?
– Sim, pode ser.
– E ouve lá, para que querias a tanga da minha sobrinha?
– …
– … podes-nos dizer… era para cheirar, não era?
– Até tenho vergonha de dizer… era…
– Seu tarado!
– Porco! Nojento!
– Nem te penses em aproximar da minha filha!
– … ou da sobrinha dele!
Lady Ga-ga-ga-ga
– T-T-Tou com alguns problemas i-i…
– Então que se passa?
– Não nóhtas?
– Estás a ter dificuldades em escrever palavras?
– Não parvo-vo. Estou-tou-ou…
– Diz, não te retraias!
– Estou com dificuul-dade em digeri-las!
– Mas isso pega-se?
– A-A!!
– …
– Acho que não!
– Se souberes, avisa. Não te aproximes!
– Que raio da-damigo.. que tu me saíste…
– Tanta coisa… é só ga-guez!
– (!!)
– Não faças essa cara de parvo! Foi de propósito!
– I-Isso, i-i-goza.
– Pensa só, se falares com monossílabos ou grunhidos não ga-gue-jas…
– Sim, não… se se não tropeçar numa só letra.
– Achas que é por isso que algumas pessoas são mudas?
– …
– Ri-te! Ou a rir também gaguejas!?
– Não tenho vontade i-i tenho outros problemas…
– Fala comigo… Que se passa?
– Estou com-com problemas i-i-monetários..
– Mas se precisas, empresto-te algum…
– N-n-nn-ão estás a perceber.
– O quê?
– Não é dinheiro…
– Não são problemas monetários, nomeadamente de dinheiro!?
– Não. São-são…
– (Dalila. Ahh… a Dalila!)
– … são problemas i-i-monetários!
– Ahh! Problemas imunitários!
– Sim, issso!
– Alguma virose?
– N-n-Não! É a SIDA!
– Poça! Um problema nunca vem só!
– Sim, ló-ló-go agora tinha de ficar ga-ga-go!
Reis Magos
Cá para mim, os conhecidos Reis Magos, Belchior, Baltasar e Gaspar foram do melhor que por cá apareceu nos últimos 2000 e tal anos. Foram do mais inteligente e perspicaz, e só acho deveras estranho não haver mais seguidores da sua criatividade financeira. Já pensaram o dinheiro que eles pouparam ao comprar as prendas para o menino só para o dia 6? Já nem falo no facto de comprarem o ouro e a mirra a preços do Médio Oriente…
– Este colar tem desconto, não errei pois não?
– Mas o sr. Belchior não é rei?
– Sim somos os 3! Mas o colar tem desconto ou não?
– Sim, já estamos em saldos!
– E já agora, estes molhos de mirra a quanto estão?
Porque não passamos a fazer o mesmo? Podíamos começar a enganar os comerciantes e só dar as prendas de Natal no dia de Reis? Assim, ainda aproveitávamos o início dos saldos! Se pensarem bem, com o dinheiro que poupassem, em vez de oferecerem um pijama de verão, poderiam oferecer um de Inverno! Ou, em vez de oferecerem um cabo multi-usos com vassoura e esfregona poderiam oferecer um mini-aspirador!
…ou em vez de um t-shirt de alças, uma t-shirt de mangas… curtas!
Cá para mim, se querem que vos diga, apesar de até serem um pouco old school, os reis afinal não eram nada Magos, eram até muito Phat!!
!Props!
Aviso:
Durante esta temporada festiva as senhoras não deveriam fazer o teste de gravidez. É que se comem bolo-rei antes, correm o risco que saia um brinde!
tchin-tchin!
Fiquei aqui só para dizer olá e brindar ao novo ano com vocês.
– Um brinde!
– Às crianças da Guatemala!
– Ao Sr. Jorge!
– Aos leprosos do Chile!
– Aos idosos do Nepal!
– À América!
– Aos animaizinhos…
– A todas as pessoas!
– … de todas as idades e de todos os países!
– À nossa! A 2010!
– tchin-tchin!
– Santinho!
– …
– (…)
– …
– (#?)
– …
– …
– … (!)
– …
– …
– (!?) Porque é que pararam todos?
A sério. Estou mesmo aqui!
Herpes
– Harpas
– Herpes
– Hirpis
– Chorpös Christi
– Hurpus
.
– Ela disse que tinha herpes.
– (imperceptível)
– Sim, herpes. Com e.
– (imperceptível)
– Olha, onde!? Nos lábios!
– (imperceptível)
– Em quais!? Como assim?
– (imperceptível)
– Ahh! Era uma piada…
– (imperceptível)
– Sim, muito engraçada.
Pausa
– … e quando dei por mim eram 3h48.
– A sério?
– Sim.
– (Pahh!!) Tens que saber parar.
– Pois, e eu até gosto muito de pausas.
– Olha, (eu) também.
– …
– …
– …
– … eu também.
– ( )
– …
– (…)
– (!!!)
– …
– …
– (?)
– …
– (—)
– …
– ( )
– (hmmmm…)
– ( )
– …
– Pareces tenso.
– É do trabalho.
Pão por quem?
Felizmente e ao contrário dessas tradições capitalistas importadas dos Estados Unidos da América do Norte que só fazem mal à saúde e aos dentes dos nosso meninos, em Portugal ainda perdura (mas pouco) a tradição do Pão por Deus.
Geralmente quanto toca o intercomunicador na manhã do dia 1 de Novembro. É tradição.
– Quem é?
– Pão por Deus!
– Pão para quem?
– Pão por Deus!
– … por quem?
– Por Deus!
– Deve ser engano. Aqui não mora nenhum Deus. Somos os Santos.
– Não é engano. É por Deus.
– Mas trás alguma procuração? Algum documento?
– Não é necessário. É a tradição.
– Se é tradição… mas olhe que só tenho pão de ontem.
– Não pode fazer umas torradas?
– Posso. Quer com muita manteiga?
– Não. Ponha pouca por causa do meu colestrol. E fiambre.
– Torradas e fiambre?
– Sim, só uma fatiazinha por cima.
– Isso também é tradição?
– Confesso que não. É um capricho meu.
– Está bem. E para beber, não quer nada?
– Já que fala nisso. Um leite quentinho… achocolatado…
– Por acaso é falha, não acha?
– O quê?
– Pedir só Pão por Deus…
– … sim?
– … e não pedir também um leitinho, ou um sumo. Só para não ficar embuchado!
Catástrofes naturais
– Há uma ilha no Pacífico em que vai haver uma erupção vulcânica.
– Hawaii? Onde?
– Num vulcão, numa ilha, no Pacífico.
– Existe um alarme de aviso de terramotos…
– E está à espera do quê?
– … que apita quando…
– Que morram pessoas?
– … existe um deslizamento da placa tectónica e…
– Tóquio! Tóquio!
– Este recuo do mar parece indicar que vem aí um tsunami.
– É melhor avisar por código Morse. É mais rápido.
– Sim…!?
– Jacarta… É mais lento.
– Estou tonto.
– Se não tivesses tornado a fazer isso…
– Isso, o quê?
– A andar às voltas! De tanto Dallas, não sei como não te Kansas.
– Só estou a imitar aquela coisa ali em espiral!
– Isto é que é uma cheia?
– Acho que não, isto parece-me uma chuva molha-tolos!
– Qual a diferença?
– Uma cheia é igual… mas com muitos mais tolos. Uma Praga deles.
– Mas esta chuva, é ou Noé uma cheia!?
– Não sei, mas podemos ficar aqui no barco à espera para ter a certeza.
Martini Bianco sem limão
– Oh linda, serve-me aí um Martini Bianco se faz favor.
– Já não bebeste demais?
– Obrigado pela preocupação mas ainda não 1. Sinto A Cabeça A Cair (1:55).
– Então é só para passar o tempo?
– Nem por isso, não sou nenhum 2. Cronófago (2:42).
– A minha segunda hipótese é… beber para esquecer?
– Mais ou menos. Uma espécie de 4. Partir Para Ficar (5:12)!
– Isso já me cheira a 8. Amor Combate (4:50)…
– … nota-se?
– Quem é… quem foi 9. A Severa (7:14)? (ver de perto)
– Alguém. Ninguém.
– …
– … são memórias… O 5. Estuque (7:11) a cair…
– …
– O 7. Quarto 210 (3:23)… o nosso quarto.
– Sabes o que te digo? Esquece isso.
– …
– Olha, para mim, 6. O Amor É Não Haver Polícia (3:18). Tenho dito.
– (sorriso)
– …
– 3. Dá-me A Tua Melhor Faca (6:59) por favor.
– Então, o que queres fazer!?
– Não te preocupes… é só para cortar uma rodela de limão.
– Para o Martini?
– Sim…
– Sim, não. Martini Bianco, é sem limão!
…
Artista
Linda Martini
Àlbum
Olhos de Mongol
Ano
2006
Segunda Parte
Mãe, eu quero ficar sozinho… Mãe, não quero pensar mais… Mãe, eu quero morrer mãe. Eu quero desnascer, ir-me embora, sem sequer ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe… Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar…
in FMI, José Mário Branco